Alexandra Ferreira


Obras de Kandinsky


Le Blon

Ainda no séc. XVIII, um impressor chamado Le Blon testou diversos pigmentos até chegar aos três básicos para impressão: o vermelho, verde e azul.

Goethe

No séc. XIX o poeta Goethe se apaixonou pela questão da cor e passou trinta anos tentando terminar o que considerava sua obra máxima: um tratado sobre as cores que poria abaixo a teoria de Newton.

A principal objeção de Goethe a Newton era de que a luz branca não podia ser constituída por cores, cada uma delas mais escura que o branco. Assim ele defendia a idéia das cores serem resultado da interação da luz com a "não luz" ou a escuridão.

Por exemplo, o experimento da luz decomposta em cores ao passar por um prisma foi explicado por ele como um efeito do meio translúcido (o vidro) enfraquecendo a luz branca. O amarelo seria a impressão produzida no olho pela luz branca vinda em nossa direção através de um meio translúcido. O sol e a lua parecem amarelados por sua luz passar pela atmosfera até chegar a nós. Já o azul seria o resultado da fuga da luz de nós até a escuridão. O céu é azul porque a luz refletida na terra volta em direção ao espaço negro através da atmosfera. Da mesma forma o mar, onde a luz penetra alguns metros em direção ao fundo escuro. Ou as montanhas ao longe que parecem azuladas. O verde seria a neutralização do azul e do amarelo. Como no mar raso ou numa piscina, onde a luz refletida no fundo vem em nossa direção (amarelo) ao mesmo tempo que vai do sol em direção ao fundo (azul). A intensificação do azul, ou seja a luz muito enfraquecida ao ir em direção à escuridão torna-se violeta, do mesmo modo que o amarelo intensificado, como o sol nascente, mais fraco, e tendo que passar por um percurso maior de atmosfera até nosso olho fica avermelhado.

A interpretação do arco-íris é assim modificada. Os dois extremos tendem ao vermelho, que representa o enfraquecimento máximo da luz.

E ele realmente descobriu aspectos que Newton ignorara sobre a filosofia e psicologia da cor. Observou a retenção das cores na retina, a tendência do olho humano em ver nas bordas de uma cor complementar, notou que objetos brancos sempre parecem maiores do que negros.

Também reinterpretou as cores, pigmentos de Le Blon, renomeando-os púrpura, amarelo e azul claro, se aproximando com muita precisão das atuais tintas magenta, amarelo e ciano utilizadas em impressão industrial.

Porém as observações de Goethe em nada feriram a teoria de Newton, parte devido ao enorme prestígio do físico inglês, e parte porque suas explicações para os fenômenos eram muitas vezes insatisfatórias e ele não propunha nenhum método científico para provar suas teses. Sua publicação "A teoria das cores" caiu em descrédito na comunidade científica, não despertou interesse entre os artistas e era deveras complexo para leigos.

Suas observações foram resgatadas no início do séc. XX pelos estudiosos da Gestalt e sobre pintores modernos como Paul Klee e Kandinsky.

Atualmente, o estudo da teoria das cores nas universidades se divide em três matérias com as mesmas características que Goethe propunha para cores: a cor física (óptica física), a cor fisiológica (óptica fisiológica) e a cor química (óptica fisico-química).


Paul Klee

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2 Responses
  1. Tão bom se nossas crianças pudessem ter um contato maior com obras de arte...
    Patricia Nogueira-Coordenadora Pedagógica


  2. É! Infelizmente os mecanismos burocráticos e as dificuldades financeiras acabam impossibilitando de levarmos as crianças para exposições. Esses e outros problemas da Rede Municipal de Educação acabam atrapalhando o contato das nossas crianças com as obras de arte.

    Por outro lado, devemos lembrar aos responsáveis de que o direito da criança de acesso ao lazer e à cultura deve ser respeitado pela família. É OBRIGAÇÃO da família viabilizar o contato da sua criança ou adolescente com a arte (lazer e cultura). Primeiramente, é obrigação da família oferecer QUALIDADE de lazer e contato com a diversidade cultural para a criança e/ou adolescente. Entretanto, o que observamos na sala de aula e no contato diário com as crianças é que muitas famílias substituem amor, zelo, carinho, "NÃO", atenção, conversa, bate-papo na hora do jantar e acesso a cultura e lazer, pelo menos nos finais de semana, por consumo. MUITAS famílias substituem a "formação qualitativa" da sua criança pela "educação para o consumo". Muitas famílias não RESPEITAM o DIREITO de suas crianças ao lazer(arte e diversidade cultural).


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