Juliana Nogueira


Queridos visitantes do Blog da E.M. Rosa da Fonseca; gostaria que lessem com muita atenção o relato da jovem professora Alessandra Santos, nossa ex aluna, hoje colega de trabalho atuando como professora de Sala de Leitura, que nos brindou com um depoimento emocionante.

 "Jamais me esquecerei dos anos que passei na Escola Municipal Rosa da Fonseca. Lembro muito bem daqueles "corredores-jardins" e do enlouquecedor barulho que deles vinha. Penso que vivi ali a melhor fase da minha vida. Cheguei lá aos 10 anos de idade e a deixei aos 13, cursei o meu antigo ginásio e vinha de uma outra maravilhosa escola municipal de primário, onde hoje dou aulas. Éramos um pouco crianças, um pouco adolescentes e muito, muito felizes. Sou de uma época em que as crianças ainda brincavam de correr, de esconder, de pular elástico, de cantar musiquinhas e de jogar "Tazo". A internet era uma coisa tão distante quanto a Lua, ao menos para mim. Celular era coisa rara. Com câmera então, nem pensar. As máquinas fotográficas eram daquelas que faziam "trec-trec" e eram limitadas a, no máximo, 36 poses.

O que trago dessa fase é a imensa bagagem de experiências que adquiri nesses anos. Pegar ônibus sozinha, ter mais de um professor, ter liberdade de andar pelos corredores sem precisar ficar grudada na saia de uma "tia". Mas, o mais importante de tudo isso: Aprendi a ler. Ler os livros e a ler o mundo. Não, eu não fui alfabetizada na antiga quinta série. Muito pelo contrário, aprendi a ler aos 4 anos de idade. Muito antes de entrar para a escola. Mamãe nos comprava livros. Muitos. Livros da Disney, livros bíblicos, gibis e lia muito para a gente. Isso foi crucial para que fosse despertado o hábito da leitura em mim e nos meus três irmãos. Não lembro ao certo como visitei a Sala de Leitura do Rosa, mas lembro que sempre estava por lá na hora do recreio. Li todas as adaptações do Shakespeare, li Pedro Bandeira e todas as suas "Drogas". "A Droga do Amor", "da Obediência", conheci os "Karas". Pegava livros emprestado toda a semana e lia muito nas mesinhas de lá. Sempre tinha uma professora pedindo silêncio e sempre, sempre um aluno que insistia em contrariar essa regra fundamental. Em meio aqueles livros descobri que o cheiro de que mais gosto é o cheiro que as páginas que um livro novo tem. Descobri que podemos e devemos sonhar. Percebi que um livro é capaz de nos transportar, emocionar, divertir e, principalmente, ensinar. Sou uma apaixonada por livros e por Literatura! Foi esse gosto pela leitura, despertado na minha casa e desenvolvido no Rosa que foi o responsável pela minha escolha profissional e acadêmica. Hoje sou professora da rede municipal de ensino, curso Letras na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e tive o imenso prazer de visitar essa querida escola para uma reunião de professores de Sala de Leitura. Acho que esse sempre foi o meu lugar, afinal. E esse amor pela leitura que me faz ter mais livros do que roupas para vestir.





Muito, muito obrigada a todos os meus queridos professores, onde quer que eles estejam. Patrícia, de Educação Física, que sempre foi um doce - mesmo com aqueles que se recusavam a se exercitar em suas aulas; Izidro, de Matemática, que tornou as aulas da disciplina muito mais agradáveis e divertidas; Elza por suas folhinhas mimeografadas que mostravam sua dedicação; Elpídio, de Química, que não desistia de ensinar o que muitos não queriam aprender; Dilma, por suas aulas de Português; Márcia por ter me apresentado ao Inglês; Milce por suas divertidas e proveitosas "Batalhas" de Geografia e tantos outros que agora me fogem a memória. Obrigada a todos os professores do passado e aos novos por acreditarem na Educação. Por acordarem todos os dias com ideias novas e promissoras, apesar de todas as dificuldades que enfrentamos pelo caminho todos os dias. Obrigada por tanta dedicação, por nunca desistirem de seus alunos e por todo o conhecimento curricular e, principalmente, de vida. Obrigada por oferecer o melhor de si. E obrigada por tentarem construir uma educação pública de qualidade a cada novo amanhecer.

Alunos de hoje, aproveitem com responsabilidade esse momento que vocês estão vivendo. Essa falta de compromisso com outras coisas diferentes da sua própria educação. Absorvam tudo de bom que puderem e faça o possível para se orgulhar do seu presente quando ele tiver se tornado passado. "

Um forte abraço,
                                       Alessandra Santos 

Muito obrigada querida, você é um orgulho para nós.

Patricia Nogueira  


 

 

9 Responses
  1. Muito legal o depoimento da professora. :)


  2. Obrigada por tanto carinho, professora!

    Grande beijo.


  3. Lindo depoimento :)

    Como ex-aluno também tenho ótimas recordações, agradeço aos professores por tudo, fiz grandes amizades nessa escola.


  4. Ana Says:

    Que coisa linda, tenho o prazer de conviver com todos esses professores ainda hoje, e ler um depoimento tão emocionante me provoca um daqueles suspiros de alívio que temos quando, por alguns momentos, percebemos que o nosso trabalho não é em vão... Ex-alunos, sejam muito bem-vindos ao nosso blog!!!!



  5. Valeu Dimas.Retorne sempre aqui, será um prazer.


  6. Muito bonito o depoimento. E eu sou uma das pessoas que conhece um pouco da dedicação e empenho da Alessandra na profissão. Continue assim! E parabéns!



  7. Enquanto professores, passamos anos reclamando de tudo: do governo, dos pais, da direção, da falta de tempo para a família... do mundo! Mas, quando lemos um depoimento desses ou reencontramos uma sementinha nossa dando bons frutos, parece que tudo se dissipa e nos vem aquela pontinha de orgulho que diz: Valeu a pena!


Postar um comentário