Virologia atualizada
Autor:Elpidio Targine Veras
Orientadores: Profa. Mª Isabel M. Liberto
Prof.Maulori C. Cabral
Introdução
Este trabalho tem como objetivo esclarecer aos professores e alunos do ensino fundamental e médio sobre os conceitos estudados em Virologia, que se encontram apresentados de forma imprecisa na grande maioria do material impresso disponível no mercado.
A semântica usada em Virologia encontra-se imprecisa, pois esta área do conhecimento está atrelada aos parâmetros da Microbiologia, sem atentar para os conceitos de Biologia Celular e, ainda, sem considerar as diferenças fundamentais entre vírus e micróbios. O que gerou a denominação Vírus (veneno ou toxina), foi a demonstração por Ivanowski em 1892 de que filtros que retinham bactérias eram incapazes de os reter, mostrando que são dois “mundos” separados, portanto incomparáveis.
Vírus:
A evolução do conhecimento científico ao longo do último século é incompatível com conceitos estabelecidos no final do século XIX início do XX, mas que ainda são apresentados em muitos livros como se nada houvesse mudado. Os vírus são arranjos moleculares compostos por um tipo de ácido nucléico, DNA ou RNA, envolto por proteínas que se associam formando um capsídeo que além de proteger o ácido nucléico, dá a forma característica à partícula viral. Alguns tipos virais se resumem a estes dois tipos de estruturas, que juntas recebem a denominação de nucleocapsídeo. Outros, ainda apresentam, envolvendo o nucleocapsídeo, um envoltório de natureza lipídica, resultante da membrana da estrutura celular onde foram agregados os componentes das partículas virais, envoltório este denominado envelope, e que tem associadas glicoproteínas.
Portanto os vírus são definidos como arranjos moleculares especializados em transferir ácidos nucléicos para dentro de células e estas, para sintetizar vírus a partir dessa informação genética recebida, precisam ter enzimas que lhes dão a competência bioquímica para atenderem a este processo fisiológico.
Estrutura viral:
Os vírus são formados por um dos tipos de ácido nucléico, podendo ser DNA de fita dupla ou fita simples ou RNA de fita dupla ou fita simples. Nos vírus de genoma RNA, este pode compor o nucleocapsídio viral como uma única fita ou com mais de uma, podendo ainda ser de fita inteira ou segmentada. Experimentos feitos com vírus do mosaico do tabaco comprovaram que as partículas virais são estruturas que montam e desmontam e que o RNA funciona também como elemento de informação genética.
Esta descrição pode dar a falsa impressão de que todos os vírus são parecidos, porém, dentro desta mesma concepção estrutural a forma espacial de cada vírus pode ser extremamente variada como pode ser visto na figura 1.
Na figura 1 encontram-se aspectos representativos de alguns tipos de vírus que infectam vegetais, seres humanos e células procarióticas.
http://mercury.bio.uaf.edu/courses/biol105/Lectures/Section4/4b2a_18-02-ViralStructure-L.jpg
Figura 1- Na parte superior está a representação esquemática das partículas virais, cuja micrografia eletrônica colorizada se encontra na parte inferior. Em (a) observa-se uma partícula do vírus do mosaico do tabaco e em (d) o aspecto de um tipo de vírus de bactérias. As figuras centrais correspondem a vírus de células humanas, sendo (b) um exemplo de vírus envelopado com genoma de DNA e (c) um tipo de vírus envelopado com RNA genômico.
Biossíntese das partículas virais:
Todas as células vivas são passíveis de produzir componentes virais. Para tanto, a condição que se faz obrigatória é que, a célula necessita possuir as enzimas necessárias aos processos bioquímicos de síntese desses componentes. A célula eucariótica ao endocitar uma partícula viral, receberá a informação genômica e, se tiver a competência enzimática, irá processar essa informação, sintetizando novas partículas.
O genoma viral pode ser integrado ou não ao genoma celular. Hershey & Chase (1952), usando vírus de bactérias marcados com radioisótopos, demonstraram que apenas o ácido nucléico penetra na célula. Também com bactérias foi demonstrado o
fenômeno de lisogenia, em que o sobrenadante de uma cultura bacteriana inoculada com vírus, e sem infecção aparente, podia gerar lise em outra cultura. Isto porque nessa cultura bacteriana a minoria das células tem o ácido nucléico viral não integrado ao genoma bacteriano. Então essa célula produzirá vírus e lisará, mas como está em pequeno número, não será possível perceber esse fenômeno. Os vírus presentes no sobrenadante poderão infectar bactérias de outra cultura na qual, se a maioria for do tipo que não integra o genoma viral ao seu, haverá intensa produção de vírus e a lise celular nesta cultura será perceptível, portanto esta cultura é dita indicadora da lisogenia da primeira e a primeira é lisogênica (geradora de lise) para a segunda (figura 2).
INTEGRAÇÃO GENÔMICA LISOGENIA LISE EM CÉLULAS INDICADORAS
Figura 2- Representação esquemática da interação vírus X célula em viroses bacterianas
Viroses:
As viroses correspondem a 2/3 de todas as doenças infecciosas conhecidas. É importante salientar que a grande maioria das viroses são inaparentes e evoluem espontaneamente para a cura.
As viroses são fenômenos que estão ocorrendo em grupos específicos de células que após o contato com determinado grupo de vírus mostraram-se competentes para fabricação de componentes virais, tendo então iniciado a sua produção.
A expressão dos sinais e sintomas das viroses é bastante diversificada, levando-se em conta aspectos como: o número de células competentes envolvidas no processo, o tipo de vírus envolvido, o estado geral de higidez do indivíduo e a presença ou não de bactérias agravando o quadro clinico.
Tratamento nas viroses:
Não há procedimento específico para tratamento das viroses. Em geral, faz-se o combate aos sintomas presentes como: febre, dor de cabeça, mal estar, indisposição e falta de apetite.
Recentemente os laboratórios farmacêuticos têm conseguido produzir algumas drogas que interferem no mecanismo de fabricação de componentes virais, porém, agem sobre os processos fisiológicos celulares, uma vez que esses componentes são resultantes do metabolismo celular. Se as células são atingidas nos seus processos metabólicos resulta em dano ao organismo. Ou seja, dano este que, dependendo do número de células envolvidas, pode levar à disfunção orgânica, que pode ser revertida ou não. A utilização desses medicamentos deve ser avaliada de forma criteriosa pelo médico, observando-se a evolução clinica de cada paciente.
É importante salientar que a grande maioria das viroses evolui naturalmente para a cura.
Prevenção:
A higiene para com a água, alimentos, objetos pessoais, o ambiente físico, evitar promiscuidade sexual, o cuidado com o sangue e hemoderivados, o combate a artrópodes vetores de viroses, o uso de seringas e elementos pérfuro-cortantes descartáveis, a adequação do número de pessoas ao tamanho dos ambientes, a manutenção de alimentação e sono adequados aliados à pratica regular de exercícios físicos são as melhores medidas preventivas a serem adotadas.
Vacinação:
Desde a sua criação no final do século XIX se tem alardeado que a apresentação de vírus atenuados é capaz de estimular o organismo a produzir anticorpos reativos para os epítopos presentes nos antígenos virais. Nos dias atuais muitos cientistas através de seus trabalhos têm demonstrado que esta não é a real situação. Segundo estes trabalhos, muitos indivíduos que utilizaram as vacinas desenvolveram as patologias contra as quais haviam se vacinado ou até mesmo outras doenças associadas (estas bastante relacionadas em trabalhos da área de Medicina Veterinária, denominadas vacinoses). O próprio Jenner tinha dúvidas sobre sua descoberta. O resumo do trabalho a seguir, apresenta descrições sobre a ocorrência de complicações neurológicas mostrando evidências de que elas estão diretamente associadas com o tipo de campanha vacinal:
"Eventos neurológicos adversos associados com vacinação
Piyasirisilp,S.; Hemachudha, T. Current Opinion in Neurology,15(6):333-338,June 2002. Resumo:A tolerância da população a efeitos adversos da vacinação é mínima. Vários estudos têm sido efetuados com o intuito de monitorar a ocorrência de eventos adversos após campanhas de vacinações. Esta revisão apresenta descrições sobre a ocorrência de complicações neurológicas mostrando evidências de que elas estão diretamente associadas com o tipo de campanha vacinal. Estas complicações estão associadas com autismo (vacina anti-sarampo), esclerose múltipla (vacina para hepatite B), meningoencefalite (vacina para encefalite japonesa), síndrome de Guillain-Barret e inflamação das artérias com presença de células gigantes (pós vacinação para influenza), e vacina anti-rábica. Também são descritos episódios de mal-estar e lentidão nos reflexos em seguida à vacinação para coqueluche e risco potencial associado com vacinação antivaricela, bem como poliomielite paralítica associada à vacina após vacinação oral contra poliomielite. Também são mostradas complicações associadas aos coadjuvantes, conservantes e contaminantes presentes em vacinas, tais como alumínio (miofascite macrofágica), thimerosal (neurotoxicidade) e materiais de origem bovina (novas variantes da doença de Creutzfeldt-Jakob)".
Também no Brasil há informes a respeito de vacinoses, como pode ser observado na notícia a seguir:
"Vacina provoca reações em 17 crianças de SC Ministério da Saúde já fez a substituição da tríplice viral
Jeferson Ribeiro Especial para A Notícia
Brasília - O lote de vacinas tríplices (sarampo, rubéola e caxumba) que foi trocado pelo Ministério da Saúde no sábado causou reações adversas em 17 crianças em Santa Catarina. Três delas sofreram choques anafiláticos - dificuldades de respiração e fraqueza. No Brasil, cinco crianças também sofreram choques. As outras 14 apresentaram urticárias. O secretário de vigilância e saúde do ministério, Jarbas Barbosa, disse que todas vacinas foram fornecidas pelo laboratório Chiron, da Itália. "Já trocamos o lote por vacinas de outros dois laboratórios e cerca de 4 milhões de novas doses já estão disponíveis em todos os Estados. Agora, vamos fazer estudos para descobrir o que aconteceu com essas vacinas. Os índices de reação adversa estão aproximadamente sete vezes superiores aos registrados historicamente", salienta. O Ministério da Saúde pode até deixar de usar a vacina tríplice viral da empresa italiana em outras campanhas de vacinação.
Contudo, ele disse que as reações adversas são comuns, apenas não nessa escala registrada. "Quando se fala em vacina é preciso ter em mente de que se está falando de um medicamento com elementos não inativados na composição e que podem causar reações", explica. Segundo Barbosa, as crianças que já foram vacinadas estão imunizadas independente das reações ou troca de lotes.
"O que não se pode é deixar de vacinar. Os pais podem ficar tranqüilos, porque as vacinas são testadas e analisadas pelo ministério e mesmo com as reações adversas os males são menores do que a falta de vacina. Vivemos recentemente uma crise de sarampo, em 1997 e 1998, quando foram registrados mais de 57 mil e 61 crianças morreram", enfatiza. Cerca de 1,6 milhão de vacinas do antigo lote foram aplicadas."
Conclusão
A conclusão destes trabalhos é que a vacinação em massa ao longo de todos esses anos produziu a seleção de indivíduos que não possuíam células competentes para a fabricação de componentes virais. Os indivíduos com células competentes desenvolveram a doença, alguns evoluindo para o óbito. No entanto, a interpretação desses dados por parte expressiva da comunidade científica é que a redução no número de casos da doença foi devida à eficácia da vacina. Ao observarmos os gráficos da prevalência de uma determinada virose ao longo do tempo, vemos que ao introduzir as campanhas de vacinação em massa ocorreu, de imediato, o aumento do número de casos na população (figuras 3).
Faz-se necessário que os governos, os representantes da ciência e a sociedade civil discutam e reflitam sobre os resultados destes trabalhos e, a partir disto, que orientem de forma clara a população sobre os prós e os contras de cada tipo de vacina, cabendo à mesma a opção de fazer uso ou não da mesma.
Figura 3; Impacto da vacinação anti-variólica compulsória na população
Bibliografia
Levine, A. J. Viruses. Scientific American Library. W. H. Freemann and Company. NY 1992.241p
Dimmock, N. J., Primrose, S.B. Introduction to Modern Virology.4th ed. Ed Blackkwell Science Ltd. 1995. 384p
http://members.tripod.com/themedpage/microbio-virologia.htm
www.gpaulbishop.com/. ../m__stanley.htm
www.vaclib.org
www.taps.org.br/vacinas.htm
Excelente artigo.
Patricia Nogueira - Coordenadora Pedagógica